quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Na faca

“Mestre, ‘tás na faca!”,
Dizes tu e com razão.
“Há uma lâmina que te ataca.”
Sim, estranha sensação.
Pois, é verdade…
Maldito este fado,
Trouxe-me para aqui sem piedade,
Sem aviso, desequilibrado.
Não sei como até aqui vim
(Suponho que por causa de mim).
Estou bem no cume,
Bem no gume!

Devo cair para um lado
(E estar em cima da faca dói),
Mas em qualquer um fico desamparado
(E a lâmina pouco a pouco me corrói).
Devo escolher uma solução
E seguir em frente,
Saltar do fio para o chão,
De cabeça erguida, resolutamente!
O problema é saber para onde tender,
Decidir o que fazer, inequivocamente.
Mas cada dia me sinto enfraquecer,
E assim continuo equilibrado, pendente…

Sondo a minha razão
E ela não me consola.
Sondo então o coração
E ele ainda mais me desola.
Na faca continuo no fio
E pergunto então ao vazio…
…”Que seja o que aconteça,
Atira-te de cabeça!”…
Não me diz para desistir,
Mas também não me dá nada bonito.
E é então que me decido, deixo-me ir…
Fecho os olhos, respiro…E caio no infinito…


21/08/2008

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