Um frio nocturno.
Uma cave, num ambiente soturno...
Olhamo-nos os jogadores:
Ali um, esfaimado e cheio de dores,
Ali outro, farto, um ar triunfante...
Colocam-se a blind e a ante...
Sobre o feltro verde as cartas premonizam:
“Dinheiro! Dinheiro!", enquanto deslizam...
Suster a respiração,
Parar o coração.
Criar uma imobilidade
Para não contar a verdade
Que nas regras vem ditada:
Ou se apostam estas cartas, ou não se ganha nada...
E então começa:
Num puro teatro, pura peça,
Chovem moedas, fichas e meteoritos,
Verdades, mentiras e mitos.
Uns desistem e não levam nada,
Uns mentem à descarada,
Outros não mostram a verdade guardada
E outros esperam a sorte noutra cartada...
Finalmente somos só tu e eu,
E no clímax do jogo, no apogeu,
Apostas tudo! Mulher, filhos e enteado!
(Claramente puseste demasiado.)
Mas eu vejo para além desse jogo
E por isso me interrogo:
“Terás o que quer que seja?
Alguma coisa que se veja?”
Respondo-me: “Não! Não tens nada!
Isso é tudo treta pegada!
As tuas cartas valem zero!
Estás precisamente onde quero!”
-“Eu cubro!” Ouves a minha sina,
Que cedo se torna a tua ruína...
"Pago para ver,
Já podes parar de tremer."
Ao início estavas à frente,
Mas não foste inteligente.
Disseste que a sorte me podia ajudar
E perdeste o teu lugar.
Bati-te!
Dei-te uma bad beat!
A sorte foi fundamental?
Sim, mas tu jogaste mal!
Assim é o jogo: quando estás a apostar,
Não te esqueças que te podes arruinar
Se a jogada for perdida.
Mas o poker é como a vida:
Se queres ter um fartote,
Tens de pôr alguma coisa no pote!
13/01/2009