quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Beijo

Vejo-te caminhar na rua
E a verdade nua e crua
Depressa me sobe à cabeça:
"É hoje! Que assim aconteça."

O dia corre normalmente.
Isso em ti. A minha mente
Grita paixão por teu sorriso,
Aquele que tanto preciso.

Já chegou o final do dia.
Sou só na tua companhia.
É agora.
É a hora.

Domino-me então, selvagem,
Respiro toda a coragem,
Ponho as mãos na tua face,
Respiro, sem que o tempo passe.

Olho bem para ti, a medo.
Os meus olhos contam o segredo
Que a minha boca quer dizer
E a tua alma quer saber.

Olho-te de frente nos olhos
E já não vejo mais escolhos.
É agora.
É a hora.

Agora já não tenho freio.
Mas é ainda com receio
Que te pergunto mesmo assim:
"Será que confias em mim?"

Agora és tu com o meu medo.
Contam teus olhos o segredo.
E eu continuo reticente.
É agora. Segue em frente.

Todo o meu coração palpita,
Todo o meu corpo se agita.
Quero e estou a ser forte.
Agora preciso da sorte.

Avanço lentamente.
Liberto a minha mente.
E que seja o que for...
Faço-o por amor...


30/04/2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Explicação

Dou uma explicação.
Não consigo perceber
O porquê dele não entender
E entro na exaustão.

O que quero ensinar
É a Física, é a Matemática
Mas ele teima em não ter a prática
E continua sem estudar.

Ele não sobe a nota.
Não sabe que saio frustrado
Com o seu triste resultado.
Será minha a derrota?

Enfim...
Não desistir é o importante.
Espero que entre na universidade
Quando tiver a certa idade.
Para tal é que me esforço bastante...


29/04/2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Estudante de Medicina

(dedicado a Ana Catarina da Silva Faria)


Escolhi Medicina
E parece que a minha sina
É estudar e saber.
Dizem que "é duro, mas tem de ser".

Uns é um sonho que seguem,
Outros parece que perseguem
Um futuro feliz e rico.
Mas e eu, onde fico?

É anatomia! É bioquímica!
Nas orais é a mímica
Que me deixa descontrolada.
Estou a ser usada
Por esta máquina de educação
Que me deixa na confusão,
Só porque tenho de estudar, marrar,
Não parar, cansar, desesperar, sangrar!
Estou na penúria!
Fenilcetonúria!
Hemidesmossoma
E o outro lisossoma!
Só complicação, este verso!
Mesocólon transverso!
Fígado vascularizado!
Crânio fracturado!
Chega! Não posso mais!
Discos intervertebrais!
Onde é que isto acaba?
Será que acaba?!
Trompas de Falópio!
Em biologia o microscópio
Para ver a vesícula de transporte
E em estatística fazer o coorte
Dum estudo longitudinal!
É pior que comida sem sal!
Eu peço pouco
Mas dizem que o seio frontal é oco!
Só quero o meu descanso típico
E dão-me o ciclo do ácido cítrico!
E quando parece estar quase
Enfiam-me a RNA Polimerase!
Não quero história!
Para quê a memória
De uma outra humanidade
E respectiva enfermidade?!
Só quero é ser feliz,
Não que me falem do ângulo de His!
O que peço é calma
E paz à minha alma...

Ai...
Estou mesmo perdida.
Que vai ser da minha vida?
Que posso eu fazer?
Nada, estudo porque tem de ser.
Resigno-me a esta tristeza
E procuro uma fuga, uma gentileza
Que me estenda a mão
E compreenda a minha razão...

Felizmente apareces tu e a tua conversa
Todas as vezes dispersa.
Mas nem tu és capaz
De me tornar o espírito vivaz
Quando olho para ti
E pergunto à tua cara que se sempre ri:
"Como sou eu contente
No meio desta gente?"
Tu respondes: "Não sei, relaxa, descontrai,
Vai para casa, senta-te, deita-te, cai..."


28/04/2008

sábado, 26 de abril de 2008

Penso em ti (em mim)

Levantado lá no monte
Recebi o vento pela fronte
E pensei em ti.

Não sei o que pensar,
Se amor, se saudade,
Mas o monte dá-me a liberdade
De continuar a pensar,
A pensar em ti.

Não sei quando vou embora,
Nem sei se é em ti que penso.
Mas não perco pela demora
De saber o que me é propenso.
E aí, pensarei em ti?

O que quero é saber que sei
E pensar que pensei,
E então crer no poeta que diz
"Sei a verdade e sou feliz".


26/04/2008